Organizações e Trabalho. - Lisboa. - ISSN 0871-4835. - Nº 3-4 (Dezembro 1990), p. 157-162
Sumário ou resumo:
O autor aborda as grandes transformações sócio-culturais que têm ocorrido nos últimos decénios, preocupando-se com o impacto dessas mudanças consideráveis na articulação entre os sistemas de Ensino e de Formação. Caracterizando a situação dos jovens que abandonam o sistema formal de ensino e analisando a evolução das chamadas Novas Tecnologias, o autor conclui que existe uma desadequação clara entre as competências apresentadas pelos candidatos ao mercado de emprego e as novas ofertas por este proporcionadas. As respostas a estes problemas terão que ser encontradas no quadro do sistema educativo, no efectivo desenvolvimento duma formação em alternância e, fundamentalmente, num novo e profícuo papel a atribuir ao Formador.
Numa primeira parte deste trabalho e tomando como base um documento elaborado pela Rede Eurydice "Medidas contra o Insucesso Escolar nos Estados-embros da Comunidade Europeia", divulga-se alguma da informação que ele veicula no que diz respeito aos indicadores de insucesso e às estratégias de intervenção, referidas pelos diversos países. São ainda referidas as conclusões e recomendações da referida reunião. Na segunda parte, aborda-se, em linhas muito gerais, os problemas do insucesso e do abandono em Portugal e as medidas tomadas para a combater.
Quem eram os jovens que frequentaram o 9º ano de escolaridade e saíram do sistema de ensino em 1984/85? Com que nível de reprovações? Porque abandonaram a escola? Frequentaram a formação profissional? Qual a utilidade da escola e/ou da formação profissional no emprego actual? Quanto tempo levaram para encontrar o primeiro emprego? Que obstáculos surgiram aquando da obtenção de emprego? Em que tipo de empresas trabalharam? Estas foram algumas das questões a que se tentou responder, a partir de dados recolhidos por inquérito postal, analisados e publicados neste trabalho.
Conhecer e compreender o problema do abandono de estudos, são aspectos essenciais para se poder estabelecer uma estratégia, quer de prevenção de futuros abandonos, quer de intervenção junto dos que abandonaram a escola antes de tempo. Quantos são os alunos que deixam o sistema escolar obrigatório? É indispensável a resposta fornecida pelos dados estatísticos relativos a cada nível escolar. Mas também convém saber quem sai da escola. Só a identificação das suas características e das razões subjacentes à sua decisão permitiral esboçar um plano de acção.
Análise das soluções para as necessidades de formação profissional relacionando-as particularmente com a entrada dos jovens na vida activa. A caracterização da situação portuguesa é feita através da descrição quantitativa do sistema educativo e da análise das perspectivas de evolução em ligação com a evolução do mercado de emprego. Igualmente se descrevem as instituições com atribuições na área da formação profissional, e actividades que desenvolvem. Nas conclusões descreve-se a evolução desejável e apresentam-se propostas sobre o sistema formal de ensino e sobre a sua eficiência tendo em conta o equilíbrio entre a oferta de qualificações e a evolução da economia, considerando-as num enquadramento comunitário.